Olá amigos do Frozen Pequi!!! Obrigado a todos que tem nos acompanhado e feito desse canal um grande porto para troca de idéias. A Ale e Eu temos recebido vários e-mails e comentários em nossa fanpage Frozen Pequi - Canada Dream, e a participação de cada pessoa tem contribuído também para o nosso crescimento pessoal sobre esse assunto. O assunto do momento é o programa Express Entry, que será lançado pelo Governo do Canada em Janeiro de 2015, e não é pouca coisa pois afinal essa é a maior reformulação que o programa de imigração já passou nos últimos dez anos, talvez a maior desde sua criação na década de 60.
Falamos aqui no Frozen Pequi a respeito das características principais do programa no post
"E o vento Muda Novamente!". Até então havia pouca informação oficial sobre o processo e tudo o que podíamos especular era baseado no programa co-irmão implantado na Austrália em 2012, o
SkillSelect. Muitas das suposições iniciais foram mantidas como, o sistema de pontos, o cadastro prévio e a participação ativa dos empregadores no processo, mas outras características essenciais que darão personalidade próprias ao Express Entry foram implementadas e é sobre isso que falaremos nesse post.
O Express Entry não é um novo programa de imigração, mas uma unificação do sistema de seleção do CIC para seus três principais programas:
FSW, FST e CEC. Nessa nova abordagem foi estabelecido um sistema de pré-cadastro on-line gratuito para todos que queiram imigrar permanentemente por algum desses programas. Os candidatos receberão uma pontuação baseada nas informações de seu perfil on-line, e aqueles que se qualificarem completamente em um dos três programas base (FSW, FST ou CEC) serão colocados a disposição para a seleção de um dos três agentes do processo: Governo Federal, Provincial e Empresas Privadas. Candidatos com as melhores pontuações terão prioridade para serem escolhidos, e receberão uma confirmação da escolha através de um Carta Convite (Invitation to Apply - ITA). Após receberem a ITA os candidatos terão 60 dias para apresentar todos os documentos necessários para comprovar as informações do perfil, e segundo o CIC, terão seu pedido de residência permanente analisado em menos de 6 meses.
"Pool entry criteria:
To get into the Express Entry pool, skilled foreign nationals will need to meet the criteria of one of the federal immigration programs subject to Express Entry:
the Federal Skilled Worker Program (FSWP),
the Federal Skilled Trades Program (FSTP), or
the Canadian Experience Class (CEC).
You can read about the minimum criteria of any of these programs by using the above links. Or, you can use our online tool, Come to Canada, to see if you meet the criteria to get into the Express Entry pool."
Nesse segundo semestre o Citizenship and Immigration Canada - CIC apresentou mais detalhadamente o seu
plano para o Express Entry - EE, alem de esclarecer os papeis de cada personagem envolvido (Governo Federal, Províncias, Empresas e Candidatos), foram estabelecidos ainda os critérios de seleção e o novo sistema de pontuação dos candidatos. O Governo Federal, através do CIC e do
EDSC será o gerente do programa, e será responsável pela implementação do sistema de pré-cadastro, emissão da Carta Convite - ITA, Seleção, Emissão e Aprovação dos vistos de residência permanente. As Províncias que imaginavam poder perder sua autonomia para a indicação de candidatos com a chegada do EE, voltaram a ter papel de destaque com a nova tabela de pontuação.
As empresas canadenses, que são avessas ao risco e estavam se escondendo
atrás do programa de TFW, terão papel central no desenvolvimento do novo programa, ainda que de maneira forçada. As empresas que decidirem recrutar novos funcionários pela plataforma do Express Entry estarão isentas da taxa de
CAD$ 1000,00 da LMIA, e ainda terão prioridade sobre as vagas do TFW. Os Candidatos por sua vez, alem de fazerem o pré-cadastro junto ao CIC, foram encorajados a se oferecerem às vagas abertas pelas empresas em canais de emprego como: JobBank, Monster, Indeed e etc. Sabe aquela história de que é praticamente impossível conseguir uma oferta de emprego estando fora do Canadá? Pois então, ou isso muda com a chegada do Expresse Entry, ou deve piorar de vez...
Duas grandes criticas pairam sobre o processo, a primeira crítica diz respeito à transparência e volatilidade da plataforma unica de seleção. Ao mesmo tempo que normativas propositalmente vagas abrem precedentes para interpretações mais subjetivas do mercado de trabalho, a nova plataforma torna mudanças nas regras e critérios de seleção muito mais fácil para o gerente do processo, o Governo Federal. Esse modelo é comparado a uma "torneira do tipo abre e fecha" e é muito criticado por prejudicar o planejamento dos candidatos de uma hora para outra A segunda crítica é a respeito do caráter "Express" do programa. Apesar de o CIC garantir o processamento de documentos em 6 meses, a plataforma do EE se apoia fortemente na oferta de trabalho através de uma LMIA do ESDC, que hoje demora em torno de 6 meses também. Será que os empregadores esperarão todo esse tempo (1 ano) para patrocinar e poder contar com um novo funcionário? E se as empresas finalmente comprarem a ideia do risco e resolverem usar o sistema abertamente, o EDSC será capaz de suportar toda a demanda de pedidos? O sucesso e o fracasso do Express Entry depende da resposta a essas duas perguntas. O entendimento do sistema de pontuação do Express Entry pode revelar muito sobre as intenções e necessidades do Governo para o novo programa.
Já é de conhecimento geral, pelo menos daqueles que fizeram sua pesquisa sobre a cultura do mercado de trabalho canadense, o conservadorismo e ortodoxia na condução das empresas. A cultura de mercado canadense é avessa ao risco, salvo raras exceções, e isso também reflete na maneira como as empresas canadenses contratam seus funcionários. Há uma cultura bem específica sobre como o candidato deve se apresentar para estar de acordo com os
"padrões canadenses" e ser escolhido para uma vaga. Essa diferença cultural torna quase impossível que um candidato ainda fora do Canadá possa ser escolhido ou mesmo chamado para uma entrevista de emprego, apesar da necessidade do mercado. As empresas de pequeno e grande porte supriam suas carências de maneira mais "segura" e imediata utilizando o programa TFW com mão-de-obra provisória e mais barata. Mas essa situação nunca atendeu aos interesses do governo no longo prazo que, viu a participação de residentes permanentes da categoria economic class na imigração cair, enquanto o numero de trabalhadores temporários crescia nos últimos 5 anos.
Para reverter esse movimento
medidas restritivas foram inseridas durante a reformulação do TFW em junho de 2014, e agora em 2015 o governo sinaliza claramente sua intenção de favorecer o sistema de residência permanente ao isentar da taxa de LMIA os processos envolvendo candidatos do Express Entry.
Basta uma simples comparação com o sistema de pontuação do FSW para entender a importância da oferta de trabalho permanente para o novo sistema. Ofertas Oficiais de trabalho ou Carta de Nomeação da Província sempre foram prioridade para o CIC, as inscrições baseadas nessas duas plataformas eram atendidas em caráter de urgência e "furavam a fila" dos processos comuns. Mas o peso e a importância de uma oferta de emprego ou nomeação provincial cresceram vertiginosamente com a chegada do Express Entry.
Apesar de não estabelecer uma nota de corte(67%) como no sistema do FSW, para ter a chance de ser escolhido e entrar no "Pool" de inscrições o candidato deve se qualificar em pelo menos um dos três programas base do Express Entry. Isso significa que esse individuo deverá preencher requisitos mínimos de um dos três processos, ou pode ficar de fora do grupo que será colocado a disposição para a escolha de empresas e províncias.
Analisando a tabela acima pode-se perceber que pelos requisitos mínimos do FST um candidato pode qualificar-se para o "Pool" de inscrições, mesmo com uma pontuação bem mais baixa que outro que se qualificou pelos critérios do FSW ou CEC. Uma oferta oficial de emprego ou nominação provincial então, pode fazer que esse candidato qualificado pelo FST fique ranqueado bem acima de qualquer outro que tenha perfil pessoal e profissional perfeito mas não tenha oferta de emprego. O mercado e as empresas terão finalmente a chance de decidir qual profissional é mais necessário a economia. Isso significa então que candidatos sem oferta de emprego, ou que residem fora do Canadá não terão mais chances com o novo sistema?
Não necessariamente! Se as empresas comprarem a ideia de ser o motor do Express Entry, e o governo der conta da demanda por LMIAs, a pontuação media de corte para candidatos selecionados tende a subir bastante acima dos 600 pontos, mas se por alguma razão as empresas optarem por não patrocinarem o processo e esperar que o candidato regularize seu "status imigratório" por conta própria, a pontuação média de corte pode ser bem mais baixa, ficando abaixo de 600 pontos. Essa pergunta só será respondida com certeza quando forem emitidas as primeiras ITA, e o CIC tornar disponível as estatísticas semestrais.
A facilidade de aprovação de LMIAs para o Express Entry pelo ESDC e o prazo envolvido será determinante para o sucesso da estratégia do Governo Canadense, se o mercado se tornar impaciente com o EE o governo terá de fazer a seleção por conta própria distribuindo as vagas remanescentes dos programas atuais entre os candidatos de melhor pontuação. Mas como o candidato que
estudou e trabalhou no Canadá durante o PGWP pode se beneficiar desse sistema?
Como pode-se ver no gráfico acima, e como
já haviamos relatado anteriormente aqui no Frozen Pequi, na Austrália onde um sistema semelhante foi implantado em 2012 a participação de pessoas que já moravam no país no processo de residência permanente aumentou. As relações de trabalho estabelecidas durante o período de estudos foram consolidadas com o patrocínio das empresas para seus funcionários atuais, fazendo que a categoria "Employer Sponsored" se tornasse a mais importante do sistema SkillSelect Australiano, e que pela primeira vez o sistema de imigração adimitisse mais candidatos já residentes no país que outros ainda no exterior.
O Governo Canadense tem falado abertamente que espera os mesmos resultados do Express Entry, que posições temporárias do TFW se tornem permanentes e que em poucos tempo o
Canadá receba por ano mais de 300 mil estudantes estrangeiros. Essa estratégia não só gera dividendos econômicos ao país, já que alunos estrangeiros pagam bem mais caro por seus estudos que os nativos Canadenses, como também terceiriza o processo de seleção e treinamento de mão-de-obra às escolas e universidades.
Odilon.